Complexo Cultural Júlio Prestes
O prédio da Estação Júlio Prestes foi inaugurado em 15 de outubro de 1938, depois de passar 12 anos em construção.
Em 1925 foi concebido o projeto para uma nova estação que sediasse a Estrada de Ferro Sorocabana, no qual se contava solucionar as dificuldades presentes desde a sua fundação, em 1875.
Ao contrário das outras ferrovias do Estado, a Sorocabana não se desenvolveu por conta do ciclo cafeeiro, mas pela produção do algodão, cultivado no sudoeste paulista.
Passando por Sorocaba e São Roque até chegar à capital, a Sorocabana tinha como sede uma modesta estação junto à Estação da Luz. Nessa época, os inúmeros problemas presentes resultaram na sua venda para a União em 1902, mais tarde adquirida pelo governo de São Paulo e arrendada a um consórcio americano em 1909.
Christiano Stockler das Neves, um arquiteto de grife em São Paulo, foi contratado pela Estrada de Ferro Sorocabana para chefiar a construção da nova estação.
O projeto desenhado em 1925 refletia a formação conservadora do autor trazida da Escola de Arquitetura da Pensilvânia. Este tipo de arquitetura era avesso àqueles anos de efervescência cultural vividos no pós-Semana de Arte Moderna.
Apesar disso, o projeto da Estação Inicial da Estrada de Ferro Sorocabana recebeu, em 1927, o Prêmio de Honra no III Congresso Pan-Americano de Arquitetura, em Buenos Aires.
No mesmo ano, as obras sofreram a primeira série de paralisações. Uma nova diretoria assumiu a empresa e pôs em jogo o prosseguimento da construção. Reiniciadas somente em 1928, foram impostas modificações ao projeto inicial e Chistiano Stockler das Neves abandonou definitivamente a supervisão das obras.
Em 1930, foram entregues ao público a ala das plataformas e o concourse. Em seguida, houve nova paralisação decorrente dos reflexos trazidos pela Revolução de 1932, e as obras só foram retomadas em 1936, com as simplificações do projeto inicial a cargo do arquiteto Bruno Simões Magro. Dois anos depois, inaugurou-se a Estação, já com o nome de Estação Júlio Prestes.
Curiosidades
O projeto da Sala São Paulo nasceu com o objetivo primeiro de elevar a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) a um padrão de qualidade internacional. Para tal, a Osesp precisaria de uma sede própria, com a infra-estrutura necessária para o funcionamento de uma grande orquestra. Depois de uma longa pesquisa para decidir qual seria o local mais apropriado para a construção da sala, um acaso fez com que o Grande Hall da Estação Júlio Prestes fosse escolhido. O espaço apontou similaridade entre a volumetria, a geometria e as proporções encontradas em reconhecidas salas de concertos mundiais, como a do Boston Symphony Hall, nos Estados Unidos, e a de Musikreinsaal, em Viena. Nasce ali a casa definitiva da Osesp.
A reforma que transformou em complexo cultural o prédio da Estação Júlio Prestes durou um ano e meio e custou R$ 44 milhões. A sala foi projetada pela empresa americana Artec, inspirada nos mais modernos parâmetros técnico-acústicos. A implantação de um teto móvel, formado por placas que podem subir ou descer para ajustar a qualidade de som, foi a grande inovação tecnológica.
A Sala São Paulo conta ainda com um órgão de 50 registros, fabricado especialmente para este espaço. O piso de mil metros quadrados e pé direito de 24 metros tem capacidade para 1,5 mil lugares.
No total, o Complexo Júlio Prestes abriga nove salas de ensaio (uma para madeiras, uma para metais, uma para percussão, duas para orquestra, duas para violinos, uma para viola, violoncelo e baixo, uma para conjunto de câmara), além de uma biblioteca para partituras.