Parque da Luz
Em 1798, o Parque da Luz é inaugurado como Jardim Botânico. Após reforma, em 1825, o espaço se transforma em Jardim Público durante o governo de Lucas Antônio Monteiro de Barros. Em 1830, com o desinteresse do governo, vira pasto de gado.
Apenas em 1872, quando João Teodoro assume o governo de São Paulo (1872-1875), a estética urbana passa a fazer parte dos planos de melhorias para o Centro da cidade. João Teodoro é o responsável pela transformação do jardim em parque. Contudo a construção do espaço em si é efetuada em ritmo bastante lento, com fases de abandono e reformas, acompanhando as transformações urbanísticas da região.
O parque se torna a primeira área de divertimento e lazer para a população de São Paulo e uma espécie de ponto de reunião informal para as famílias paulistas. Sendo São Paulo uma cidade sem muitas opções de pontos de encontro, as pessoas iam passear no Parque da Luz, que dava para a Rua Alegre, hoje chamada de Brigadeiro Tobias. Era uma espécie de passagem obrigatória para todos os que chegavam de trem à cidade, vindos de Santos ou do interior.
A idéia de criar um “jardim da cidade” foi sendo melhorada com a implantação de um sistema inglês de paisagismo e a compra de mudas de plantas do Rio de Janeiro.
Em 1860, o parque cedeu 20 braças (cerca de 45 metros) de seu terreno para a construção da Ferrovia São Paulo Railway (depois chamada de Inglesa). Essa concessão elimina boa parte de sua vegetação e modifica a disposição de suas ruas, gerando protestos do povo. No final do século 19, o parque volta a perder espaço: primeiro para o Colégio Prudente de Morais e, posteriormente, para o Liceu de Artes e Ofícios (atual Pinacoteca do Estado).
Em 1883, recebe iluminação elétrica. No final de 1893, passa a ser competência municipal. A partir de então, quase após quase um século de abandono, vira um local perigoso. Até que em 1972, a Secretaria de Turismo e do Fomento volta a investir no local, remodelando suas alamedas e bancos.
Jardim da Luz | Imagem: Postal do Instituto Geográfico Brasileiro
Curiosidades
No Parque da Luz, aconteciam quermesses beneficentes, promovidas pela alta roda da sociedade paulistana, e havia apresentações da Banda da Guarda Municipal, aos domingos, no coreto. Era uma época em que o povo parava para ver a banda passar.
A pedido de João Teodoro, são construídas quatro esculturas em homenagem às estações do ano no parque. Ele também manda trocar os lampiões de gás por outros de querosene e, em 1874, ordenou que fosse erguida uma torre de 20 metros de altura para servir de observatório metereológico e mirante: o canudo do Dr. João Teodoro, como foi apelidado por falta de nome mais apropriado. Mais tarde, o mirante foi derrubado por fazer concorrência à torre do relógio da vizinha Estação da Luz e por ter começado a inclinar perigosamente.
Sua área total é de 113.400 m².
Estação da Luz
A Estação da Luz, como é hoje, foi construída de 1895 a 1900. Mas só foi entregue à população em março de 1901. Enquanto isso, estava em atividade uma outra Estação da Luz bem menor e mais simples. Esta, por sua vez, havia sido levantada sobre a primeira.
Com a expansão da cultura cafeeira no interior do Estado de São Paulo, o transporte da produção tornou-se um problema, pois toda exportação do produto era feita pelo porto do Rio de Janeiro. Por isso, em 1855, a Assembléia Provincial de São Paulo aprovou a lei de incentivo que dava 2% de juros para aquele que investisse na construção de uma estrada de ferro entre Santos e Jundiaí, e 90 anos de concessão da ferrovia. Conquistaram a concessão Irineu Evagelista de Souza (Barão de Mauá) e dois associados – José Pimenta Bueno (Visconde de São Vicente) e José da Costa Carvalho (Marquês de Monte Alegre). Para captar investimentos internacionais, o Barão de Mauá criou na Inglaterra a The São Paulo Railway Company Ltda. Daí vem o apelido “A Inglesa”, que caracterizou por muitos anos a ferrovia. Assim em 1860 dá-se início à construção. Sete anos depois, as obras de 139 km de extensão são concluídas somando um custo de 2 milhões de libras esterlinas.
Nessa época, uma minúscula e debilitada Estação da Luz havia sido levantada em parte do terreno do Jardim Público. Em 1867, a Assembléia Legislativa exigiu melhorias no local. A segunda versão, então, foi construída sobre a anterior.
Como as obras da estrada de ferro havia custado muito além das expectativas e até ocasionara a falência de uma das empresas de construção envolvidas, a São Paulo Railway teve de negociar com o governo para manter a concessão da ferrovia que era, na época, a mais rentável da América Latina. Afinal, era o único acesso ao porto de Santos e transportava cerca de 6 milhões de toneladas de café (em cada sentido), anualmente. Em troca, a companhia inglesa prometeu duplicar as vias e ampliar o porte e qualidade das estações.
Construída de frente para o local das duas estações anteriores, a Luz passou a ocupar 7.520 m². O projeto de Charles Henry Driver foi erguido somente sobre material vindo da Grã-Bretanha, desde os pregos e tijolos até a iluminação de gás intensificado.
A Estação tornou-se a porta de entrada da cidade para figuras importantes do período e também para os imigrantes, promovendo a pequena vila de tropeiros a uma importante metrópole.
Na madrugada de 6 de novembro de 1946, dois dias antes da São Paulo Railway entregar a ferrovia nas mãos do governo federal, ocorreu um gigantesco incêndio que só deixou sobreviver a ala leste e as plataformas da Estação. A reconstrução foi bancada pelo governo e se estendeu de 1947 a 1951. A Estação recebeu, então, o terceiro andar nas partes que foram atingidas pelo fogo e mais pilastras de sustentação. A partir daí, os trens passam a percorrer somente os bairros do subúrbio.
Em 1994, a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos realizava o transporte diário de 1,4 milhão de usuários. A Estação tornou-se a porta de entrada de migrantes que vêm tentar a sorte na capital paulista.
Curiosidades
Em 1865, a primeira viagem de apresentação do andamento das obras entre as paradas do Brás e da Luz trouxe uma surpresa desagradável. Uma composição descarrilhou causando a morte do maquinista, ferimentos em alguns passageiros – como o Barão de Itapetininga – a demissão do engenheiro fiscal e o cancelamento de um banquete comemorativo preparado no Jardim da Luz.
Somente na Estação da Luz foram gastos 150 milhões de libras, sem incluir o rebaixamento do leito férreo que retirou 252.230 m3 de terra. Realizado para eliminar a passagem de nível que prejudicava o desempenho da largada do trem e para criar sobre ele uma ponte no mesmo nível das ruas facilitando o tráfego dos carros.
A estação ferroviária da Luz foi aberta ao público em 1901, ocupando 7500 metros quadrados do Jardim da Luz, construída pela São Paulo Railway Company com estruturas trazidas da Inglaterra que copiam o Big Ben e e Abadia de Westminster.
A Estação da Luz é a principal prova da importância e do desenvolvimento que a cultura do café trouxe não só para a cidade como também para o estado, exigindo o aumento da malha ferroviária para o escoamento do café da região de Jundiaí para o porto de Santos.
A importância da São Paulo Railway Station , como era oficialmente conhecida, durou até o fim da segunda guerra mundial e após este período, o transporte ferroviário foi sendo substituído pelo transporte aéreo e rodoviário. Depois disso a estação passou receber trens suburbanos.